Como o folclore brasileiro pode ser trabalhado em livros contemporâneos? Uma entrevista com o escritor Glauco J. S. Freitas
Fazia muito tempo que eu não trazia uma entrevista aqui para o blog, então, para matar a saudade, resolvi trazer para vocês hoje um papo muito especial que tive com o autor Glauco J. S. Freitas, autor de O Exército dos Imortais, que inclusive tem resenha aqui no blog!
Primeiramente, gostaria de agradecer por estar realizando esse papo comigo! O seu livro (O Exército dos Imortais) é sensacional! Pra começar, gostaria de saber como você descobriu o seu amor pela escrita, e também, qual foi o seu primeiro livro finalizado?
Imagina! Obrigado você, pelo espaço! Fico muito feliz que tenha gostado do livro! Na verdade, descobri o amor pela escrita com um amigo meu, Lucas, que me chamou pra escrever uma história em conjunto. Claro, a gente tinha quinze anos e escrevia durante as aulas de matemática hahahaha e nada de muito bom saiu disso, mas, com o tempo, a história amadureceu e ficou relativamente satisfatória. Meu primeiro livro finalizado foi a última versão dessa história, que eu te garanto, tá enterrada num porão sob muitas camadas de concreto.
De onde surgiu essa ideia de utilizar elementos do nosso folclore brasileiro dentro de uma obra de ficção fantástica? Você já tinha lido algo com essa temática antes?
Bom, todo mundo já leu Monteiro Lobato, mas definitivamente não foi daí que partiu. Essa história foi, na verdade, só pra dar uma relaxada em tudo o que eu vinha escrevendo, como terror e ficção científica, então ela era bem mais simples e clássica. Acabei gostando do que acabou saindo dali e resolvi trabalhar em cima daquela base, mas a gente sabe quantas histórias de fantasia saem todo ano e eu queria que tivesse algum diferencial. Depois de pensar em algumas alternativas, cheguei ao folclore brasileiro, um tema pouquíssimo explorado na fantasia. Pelo menos, foi o que eu pensei. Depois descobri que existiam muitas obras novas trabalhando com esse tema, porém, a ideia já tinha se enraizado fundo e eu resolvi seguir em frente.
O que nós, leitores de O Exército dos Imortais, podemos esperar dessa continuação (A Sala dos Oito Espelhos)?
Ah, primeiro de tudo, uma expansão do universo! No primeiro livro as principais ameaças são os saçurás e os mapinguarys, enquanto que aqui são os capelobos, as kainamehs e os gorjahlas. A gente sai do campo aberto e das florestas, pra se meter no subterrâneo com os kury, descobre um pouco mais sobre a situação política em Akakor, e começa a entender o plano do Ventríloquo de Mortos.
A Sala dos Oito Espelhos é o segundo livro seu publicado pela Editora PenDragon, que inclusive é uma editora que eu tenho muito carinho, poderia contar um pouco sobre a sua experiência com a equipe e a Editora em si?
Pra ser sincero, eu conversei sobre isso esses dias com Julius Brenig(autor de Três Desejos): acho que tive muita sorte de entrar na PenDragon tão cedo. A editora tem três anos e pouquíssimas mostram tanto capricho, e mesmo respeito pelo autor. Acredito que ela vai crescer bem rápido, e fico muito feliz de poder dizer que faço parte dela.
Os seus personagens são cheios de personalidades distintas. De alguma forma eles se relacionam com alguém que conhece? Ou com você mesmo?
Alguns sim, outros não. Räel é tão distante de mim quanto possível, mas acho que Syer herdou um pouco da minha personalidade, já que não leva as coisas muito a sério. As garotas se desenvolveram sem ninguém como base, sinceramente, apesar de Anghra ter sido inspirada na minha esposa: desbocada e pragmática.
Qual o seu livro e autor favorito? Se inspira neles na escrita dos seus livros?
Livro: A Torre Negra. Autor: Bernard Cornwell. Não diria que me inspiro em Cornwell, mas quando você lê tanto o trabalho de alguém, é impossível não se influenciar ao menos um pouco. Até porque, se é o seu autor favorito, é porque você gosta do estilo dele, não é? Então sim, acho que Cornwell me inspira, ele não descreve demais as coisas, a história é mais fluida e é algo que eu acho importante.
Você já tem outros projetos em andamento?
Sim! Estou escrevendo um livro chamado O Maquinista, sinceramente, meu trabalho mais ambicioso até agora, com contos curtos no meio da história principal, mundos paralelos que se distanciam da realidade e muita ação. Vai ser um livro longo em volume único, então tenho intercalado com outras histórias: tenho o segundo Contos de Folclórika pela metade, o terceiro livro da história principal de Folclórika já começado e a sequência de A Alcateia já tem um esqueleto. Pode parecer loucura, mas funciona melhor pra mim. É revigorante poder mudar o foco de vez em quando.
E para finalizar, o que você aconselha para quem está começando?
Primeiro: leia. Nem que seja no ônibus, ou dez linhas por dia. Você não vê jogador de futebol ir pra partida sem treinar. Só o Romário, mas ele era o Romário, né? Segundo: escreva todo dia no mesmo horário. No começo, esta disciplina é muito difícil, mas com o tempo você vai ver que é como se uma chave ligasse no seu cérebro, como se você forçasse a inspiração a vir naquele momento. Num mundo onde a gente quase não tem tempo pra nada, ajuda extrair o melhor do pouco tempo que se tem.
Porém, antes, confira logo abaixo essa entrevista que já adianto, ta sensacional!
A direita: autor Glauco Freitas | A esquerda: uma de suas obras, O Exército dos Imortais |
Primeiramente, gostaria de agradecer por estar realizando esse papo comigo! O seu livro (O Exército dos Imortais) é sensacional! Pra começar, gostaria de saber como você descobriu o seu amor pela escrita, e também, qual foi o seu primeiro livro finalizado?
Imagina! Obrigado você, pelo espaço! Fico muito feliz que tenha gostado do livro! Na verdade, descobri o amor pela escrita com um amigo meu, Lucas, que me chamou pra escrever uma história em conjunto. Claro, a gente tinha quinze anos e escrevia durante as aulas de matemática hahahaha e nada de muito bom saiu disso, mas, com o tempo, a história amadureceu e ficou relativamente satisfatória. Meu primeiro livro finalizado foi a última versão dessa história, que eu te garanto, tá enterrada num porão sob muitas camadas de concreto.
De onde surgiu essa ideia de utilizar elementos do nosso folclore brasileiro dentro de uma obra de ficção fantástica? Você já tinha lido algo com essa temática antes?
Bom, todo mundo já leu Monteiro Lobato, mas definitivamente não foi daí que partiu. Essa história foi, na verdade, só pra dar uma relaxada em tudo o que eu vinha escrevendo, como terror e ficção científica, então ela era bem mais simples e clássica. Acabei gostando do que acabou saindo dali e resolvi trabalhar em cima daquela base, mas a gente sabe quantas histórias de fantasia saem todo ano e eu queria que tivesse algum diferencial. Depois de pensar em algumas alternativas, cheguei ao folclore brasileiro, um tema pouquíssimo explorado na fantasia. Pelo menos, foi o que eu pensei. Depois descobri que existiam muitas obras novas trabalhando com esse tema, porém, a ideia já tinha se enraizado fundo e eu resolvi seguir em frente.
O que nós, leitores de O Exército dos Imortais, podemos esperar dessa continuação (A Sala dos Oito Espelhos)?
Ah, primeiro de tudo, uma expansão do universo! No primeiro livro as principais ameaças são os saçurás e os mapinguarys, enquanto que aqui são os capelobos, as kainamehs e os gorjahlas. A gente sai do campo aberto e das florestas, pra se meter no subterrâneo com os kury, descobre um pouco mais sobre a situação política em Akakor, e começa a entender o plano do Ventríloquo de Mortos.
A Sala dos Oito Espelhos é o segundo livro seu publicado pela Editora PenDragon, que inclusive é uma editora que eu tenho muito carinho, poderia contar um pouco sobre a sua experiência com a equipe e a Editora em si?
Pra ser sincero, eu conversei sobre isso esses dias com Julius Brenig(autor de Três Desejos): acho que tive muita sorte de entrar na PenDragon tão cedo. A editora tem três anos e pouquíssimas mostram tanto capricho, e mesmo respeito pelo autor. Acredito que ela vai crescer bem rápido, e fico muito feliz de poder dizer que faço parte dela.
Os seus personagens são cheios de personalidades distintas. De alguma forma eles se relacionam com alguém que conhece? Ou com você mesmo?
Alguns sim, outros não. Räel é tão distante de mim quanto possível, mas acho que Syer herdou um pouco da minha personalidade, já que não leva as coisas muito a sério. As garotas se desenvolveram sem ninguém como base, sinceramente, apesar de Anghra ter sido inspirada na minha esposa: desbocada e pragmática.
Livro: A Torre Negra. Autor: Bernard Cornwell. Não diria que me inspiro em Cornwell, mas quando você lê tanto o trabalho de alguém, é impossível não se influenciar ao menos um pouco. Até porque, se é o seu autor favorito, é porque você gosta do estilo dele, não é? Então sim, acho que Cornwell me inspira, ele não descreve demais as coisas, a história é mais fluida e é algo que eu acho importante.
Na foto: escritor Bernard Cornwell | Fonte: Homo Literatus |
Sim! Estou escrevendo um livro chamado O Maquinista, sinceramente, meu trabalho mais ambicioso até agora, com contos curtos no meio da história principal, mundos paralelos que se distanciam da realidade e muita ação. Vai ser um livro longo em volume único, então tenho intercalado com outras histórias: tenho o segundo Contos de Folclórika pela metade, o terceiro livro da história principal de Folclórika já começado e a sequência de A Alcateia já tem um esqueleto. Pode parecer loucura, mas funciona melhor pra mim. É revigorante poder mudar o foco de vez em quando.
E para finalizar, o que você aconselha para quem está começando?
Primeiro: leia. Nem que seja no ônibus, ou dez linhas por dia. Você não vê jogador de futebol ir pra partida sem treinar. Só o Romário, mas ele era o Romário, né? Segundo: escreva todo dia no mesmo horário. No começo, esta disciplina é muito difícil, mas com o tempo você vai ver que é como se uma chave ligasse no seu cérebro, como se você forçasse a inspiração a vir naquele momento. Num mundo onde a gente quase não tem tempo pra nada, ajuda extrair o melhor do pouco tempo que se tem.
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Por hoje é só,
Beijinhos, Ana ❣
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